By colher-de-pau
O António foi o meu bebé surpresa. O bebé que veio sem em contar, depois de 5 anos de infertilidade e de 3 tratamentos para a chegada do Zé Maria. Estávamos preparados para marcar uma nova consulta e recomeçar todo o processo para uma nova fiv, quando eu comecei a estranhar alguns sintomas. Por um lado, tudo me parecia muito semelhante ao que tinha sentido no início da gravidez do Zé Maria, mas por outro era impossível, porque eu “não podia” engravidar sem recorrer a tratamento. Matutei naquilo uns dias e decidi fazer um teste. Deu positivo. Nem com o nascimento de qualquer um deles chorei tanto de felicidade como naquele dia, num misto de alegria, incredibilidade, medo, muito medo que alguma coisa não estivesse bem e felicidade no seu estado mais puro. Eu não acreditava, o Miguel não acreditava, mas o teste não mentia: “grávida”.Era dia 28 de Janeiro de 2016, dia em que a minha sobrinha fazia 10 anos. Uma ou duas horas depois de fazer aquele teste lá fomos jantar com a família toda e foi a coisa mais surreal. Tinha aquela notícia maravilhosa e não a podia/queria ainda partilhar com ninguém…
Três dias depois, a minha avó, a minha doce avó Cila morreu. Aquelas voltas estranhas que Deus dá à vida. Tira por um lado e dá pelo outro. Ou porque assim tinha de ser.
Fiquei sempre com muita pena de não lhe ter contado que iria ter outro bisneto. Acreditarei sempre que ela o soube logo que chegou ao Céu, e que de lá guiará sempre os meus filhos com carinho e amor.
A 24 de Setembro de 2016, recebemos o António. Lindo desde o dia em que nasceu. O meu coração dilatou, porque tudo tem espaço num coração de mãe e no dia em que me vi com dois pequenos amores nos braços, foi o dia em que percebi que queria mesmo mais filhos – se pudesse – porque não há, sem dúvida melhor sentimento do que o amor que se sente por eles. E, acredito eu, que quando esse amor é assim tão puro e honesto, que as mães, têm capacidades de super mulheres, de “muktitasking” de se multiplicarem em afetos, em brincadeiras, em tarefas e em trabalho.
O António, o meu bebé surpresa, têm a capacidade de me testar a paciência ao limite. Tem uma personalidade muito vincada e quer sempre, mas sempre levar a dele avante. Com ele tenho aprendido muito acerca de tolerância e paciência, porque os filhos ensinam-nos coisas que nós nem sabíamos que teríamos de aprender, e ajudam-nos a sermos melhor por e para eles, apesar de todas as vezes em que os níveis de paciência para aquele dia já se foram e acaba tudo com um berro. Porque o facto de querermos ser a melhor mãe possível não quer dizer que fazemos sempre tudo bem…às vezes é mesmo bem-mal!
São 3 anos desta coisa linda, que dá os beijos mais fofos do universo, que ainda não sabe bem o seu lugar na hierarquia de irmãos, agora que veio a mana, e que imita o irmão mais velho em tudo – no bom e no mau.
O meu filho segundo que entrou nas nossas vidas logo com uma lição, a mostrar-nos como é tão simples e incrível podemos amar da mesma maneira e com a mesmo força e intensidade todos os filhos que acolhemos no colo.
Parabéns Tonicha!