Fotografia de Ana Pastoria (www.anapastoria.com) |
Há já dois ou três dias que o Zé Maria me canta os parabéns. Desde que o pai lhe disse que a mãe ia fazer anos. Canta os parabéns, bate palmas e pede-nos para acender uma vela para ele apagar. Faz a festa toda, porque porque para ele os aniversários são, para já, uma excitação.
E eu chego aos 37. Dou comigo a pensar se estou ou não a ficar “velha”. Lembro-me de ter 15 ou 16 anos e de olhar para os 37 como uma idade de “velhos”, como deve ser normal qualquer adolescente pensar. De achar que aos 37 já não há nada para ambicionar, metas para alcançar, vontades e desejos para concretizar. Aquele pensamento parvo de que casamos, temos filhos e já está!
Agora com 37 tenho a certeza de que esta idade é melhor do que os 17. Ou os 27 até. Tenho tantas coisas por que dar graças. Tantas metas atingidas, tantas coisas boas para agradecer: dois filhos lindos, uma família que adoro, um hobby que é um trabalho que é um hobby.… E mais importante ainda: tenho 37 anos e ainda sinto que tenho muita vida para viver. Muitas coisas para fazer, muitas metas a atingir e quero fazer coisas, ver coisas, sentir coisas. Que a vida assim me permita.
Os 37 não em fazem nada “velha”. Esta coisa cronológica da idade é um disparate. Tenho dias em que tenho 2 anos como o Zé Maria e rebolo com ele no tapete da sala. Outros em que tenho 16 e estou no “corte e costura” com as amigas. Há dias em que pareço ter 5 ou 6 e, provavelmente terei outros em que me comporto como uma “velha” de 80 anos.
Na verdade sinto-me com muito menos idade do que tenho. Ou melhor. Não me sinto como imaginei (aos 16 anos) que me sentiria quando tivesse 37. Porque aos 37 não me maquilho todos os dias, nem tenho só conversas de senhoras. Aos 37 uso sapatilhas, e calças de ganga e pijamas com bonecos como usam também as miúdas de 16. Aos 37 anos ainda tenho conversas parvas, digo palavrões quando calha, tenho dias em que não me apetece fazer nada e ainda suspiro pelo Vitor Baía de cada vez que aparece na televisão.
E aos 37 continuo com o Miguel ao meu lado, tal como quando tinha 18 anos…
Os 37 são uma boa idade. Sei mais coisas. Sou menos ingénua. Caí e levantei-me muitas vezes. Ganhei uma carapaça e uma determinação que só a idade pode trazer. Perdi pessoas. Chorei por elas. Sou mais objetivo e não perco o meu tempo com quem não merece – e com o que não merece.
Aos 37 continuo a aprender, e a ser feliz com as coisas que a vida me dá. A ambicionar e desejar outras coisas, mas a sentir-me feliz com tudo o que me rodeia. (Quase) Todos os dias Sou, portanto, uma optimista!
E aos 37, posso já cá não ter a minha doce e linda avó Cila, mas ganhei um amor chamado António, porque a vida é mesmo assim.
Benvindos 37. E que venham mais uns poucos de anos, porque os anos são para ser vividos!